A performatividade de uma linguagem engajada em obter
apreensão, resultados e respostas. Apreensão de saberes éticos e estéticos.
Resultados para a saúde física e mental pelo senso e o equilíbrio do
humor. E cuja resposta, se feliz, será obtenção de risos, de gargalhadas, ou
sorrisos. O livro alerta para um cuidar-se, de si e de uns e outros, e para
um tomar cuidado com uns e outros. E um cuidado diário para com seus
humores, como quem lê Nasrudin, como quem toma sol, aprende uma
segunda língua, ou pratica exercícios físicos ou come frutas vermelhas e
folhas verdes. Cuidados com os efeitos de uma linguagem que atrai simpatia
para com interlocutor e para com a mensagem e pode ser refletida
em termos dos cuidados com os gestos de significar o riso na literatura
especializada: superior, intangível, (des) equilibrador, zombeteiro, portador
de incongruências, de alívios e sublimações, por vezes, sublimes. A
“treta” passa por mitos, por objetos; e oferta prêmios e riscos. Os ditos
dizem que é o melhor remédio, embora possa muito em muitos casos,
não poder, nem curar tudo. Os gestos de significar e os modos de dizer
performatizam a ação da linguagem, do (inter)texto, do (inter)discurso e
do funcionamento da comunicação sob a emergência da contra palavra
e sob a forma de apreensão, de réplica e de riso.
É a palavra antes do medicamento, afinal nem tudo é para tanto,
pode nem ser nada disso, e até mesmo ser tudo coisa de muito rir. Até
mesmo para não chorar. Ou ainda mais, signos semiolinguísticos que performatizam
para insinuar, como Barthes, que a verdade da denotação,
da literalidade, do utilitarismo e da lógica racional da linguagem, estes
sim, talvez sejam as maiores ilusões da linguagem, da língua e dos discursos
porque “colam” com vaidades, crenças, valores compartilhados em
bolhas, e formações ideológicas que, do nada, movem uns e outros a
(não) barbarizarem (mais) uns e outros. Essas sim, desde Platão, as maiores
forças da performativade da linguagem. Ao lado, claro do seu antídoto,
as forças performativas das artes&manhas do humor e do riso.
Humor e performatividade da linguagem
João Batista Martins