“Na fatídica manhã, um nevoeiro frio e úmido envolvia
a edificação, embora no resto da cidade fizesse sol e a
temperatura estivesse agradavelmente cálida. O caminhão
estacionou em frente ao portão da rua e os seis homens que
desceram descarregando toda a tralha a ser usada para botar
abaixo o imóvel não puderam deixar de observar o insólito
fenômeno. Estranharam e me perguntaram se aquilo seria
normal. Eu, que estava tão surpreso quanto eles, preferi não
dar o braço a torcer e disse que sim, que tinha a ver com a
localização da casa, com as águas subterrâneas, com a vegetação
do entorno e talvez com sua própria construção. Os
homens se entreolharam desconfiados. Depois deram de ombros
e partiram para a ação sem mais nenhuma palavra sobre
o assunto. Confesso que, de todos ali, era eu o mais intrigado.
Além de nunca ter presenciado uma situação daquela, eu
também sentia dentro do peito uma estranha sensação de
que algo estava para acontecer: uma catástrofe, uma revelação,
um não sei quê que me gelava a espinha.”