Há aqueles autores iniciantes a quem prestamos atenção pelo potencial. Outros, estreantes e de fato jovens, nos confundem pela escrita madura e criativa, como se a idade não passasse de um blefe. Aqui temos um caso destes. Talvez Murilo Rubião, Caio Fernando Abreu ou até Clarice Lispector tenham visitado os momentos oníricos de Gabriela Queiroz, mas os relatos e linguagem dela são absolutamente originais. Lancei uma rede e pesquei algumas frases para dar uma ideia do quanto se pode esperar de Onde jazem os peixes, onde até um possível Dom Quixote aparece, além de um menino que engole peixes e a entregadora de cartas.
“Lázaro não vivia, a não ser para olhar para o céu”.
“Hoje chorei mais uma vez. Enterrei um pintassilgo. Enrolei-o em um lenço azul e preparei para ele um túmulo de rosas”.
“Um dia sonhei que meu marido era uma ervilha”.
“Fiquei enfaixada no tronco impresso de juncos de uma floresta imaginária.”
"Mas tudo é um imperativo selvagem. Até essa angústia."
Onde jazem os peixes
Gabriela Queiroz