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As recordações seguiriam como a correnteza caudalosa
de um rio, não fosse o apito do trem a dissipar a suave
névoa das lembranças. De volta à realidade, Martha percebeu
o aglomerado de passageiros recolhendo suas bagagens
e preparando-se para o embarque. Naquele momento,
a menina sentiu – e guardaria esta sensação para sempre –
como, de fato, as mudanças nunca são fáceis. Demandam
mais do que mensuramos, exigem coragem. Lágrimas brotaram
em seus olhos. Sem cerimônia, pulou nos braços do
titio Valdir, deixando a cabeça pender sobre o seu ombro.
Com um gesto, chamou por Valério e Josefina. Ali, no meio
da estação: a menina, cercada e abraçada por três adultos,
no mais autêntico sentimento de afeição mútua. Uma cena
para decorar a memória dos observadores mais atentos às
sublimes sutilezas da existência.

A CANETA E O TINTEIRO

R$59,00Preço
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  • CLÁUDIO COSTA VAL

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